A Queda Sem Fim
(Para melhor compreensão desse texto é necessária a leitura dos textos anteriores, contando a história Czar, todos na marcação Exar Khun. Nota: A pronuncia de Exar é "Eczar", o x não se compreende como CH, mas CZ, como "Equizar"[Exar]...)
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Morte era o que qualquer um ali pensava - seria o único pensamento de alguém que estava caindo de aturas acima de montanhas. Czar não gritava, nem se desesperava, ele ansiava pelo chão, pelo firme e impenetrável chão. O limite que iria garantir que o pobre homem que nada tinha finalmente abandonasse o mundo miserável que deixou para trás. Seu povo havia sujado as mãos de sangue, traindo seus próprios irmãos e ele viu a morte de cada um. Não lhe sobrou nada se não o prazer de saber que tudo estava para acabar. "Mais perto, mais perto, VAMOS! MATE-ME!".
Eu posso dizer a vocês que a morte os alcançou de fato, mas isso aconteceu no momento em que seus corpos foram capturados pelo portal. Aqueles pobres homens e mulheres de Dranor, guerreiros e soldados honrados, torturados até o fim de sua sanidade entre as montanhas Gorgoroth haviam morrido, pois aquela queda representava um novo nascimento para cada um deles.
Seus ossos foram moídos pela queda. Sua pele rasgada pelos galhos das árvores negras e tortas, seus corpos não se mexeriam nem pela ordem de um deus. E ali eles ficaram por um mês, ou um ano, talvez uma eternidade, eles não poderiam dizer. A mente deles já estava fraca, mas um peso e uma opressão a invadia e violava, como se uma entidade que envolvia tudo, ar, terra, água e a própria escuridão, estivesse tentando destruir tudo o que sobrou nos trinta guerreiros que ali caíram.
Seus músculos voltavam a responder, e aos poucos apenas vinte e cinco dos trinta guerreiros se levantaram. As risadas de Boriar, Diana e Gopim eram aterrorizantes, eles não respondiam, caídos com um sorriso doentio e sem sentindo em seus rostos, não tinham comando sobre si ou sequer personalidade, O Caixão os consumiu. Orlak e Dorá-Mel tinham convulsões, estatelados ali no chão era como se uma presença copulasse com seus corpos, como a Abominação fez com a noive de Czar. Era possível ver ervas daninhas enraizando e adentrando seus corpos, eles agora faziam parte daquele mundo asqueroso.
Buscando sair daquela floresta obscura eles vagaram por dias. Se deparavam com criaturas horrendas, e as matavam para se alimentar. Era uma fome que não se satisfazia e nem matava o faminto. As águas de Morcul pareciam doces na lembrança quando provaram as águas daquele mundo, uma lembrança que retornava aos corpos junto com idéias, pensamentos. Levaram dias para de fato retornarem a si, quando suas mentes conseguiram se recuperar, mas em alguns casos isso não aconteceu. Dorian e Celena desapareceram na floresta, corriam loucos e desbaratados, fugindo de um inimigo invisível ou escondido nas trevas do mundo.
Czar via e sofria ainda mais, seus irmãos, seus únicos irmãos a cada dia tragados pela loucura, "quantos mais irei perder, quando somos tão poucos?". Após o que pareceram semanas ou anos, eles alcançaram uma planície gigantesca, e sobre um monte observaram a distancia. A mais ou menos duzentas milhas a luz da lua refletia no que parecia ser gigantesco mar interno, a leste, um descampado árido se erguia e terminava em montanhas muito altas, e ao Oeste havia um amontoado de montes e cerras, com vales de gramados negros e sinistros, com pequenos bosques com arvores medonhas e secas, e o norte seguia até aonde a vista alcançava, variando entre montanhas, planícies e vales escuros.
Não havia beleza ou alegria, e a vida que nascia ali era tão grotesca que fazia de um Funesto uma bela visão. Eles não sabiam aonde estavam, o tempo não fazia sentido, ao mesmo tempo que pareciam ter passado eras, não parecia ter passado um minuto.
Andaram milhas e milhas intermináveis quando finalmente chegaram ao mar interno. As águas eram negras, haviam peixes estranhos e animais selvagens com definições anormais e terríveis de olhar. A cada dia que passava uma estranha força crescia em cada um dos guerreiros. Pareciam estar mais resistentes e o mundo ao seu redor mais normal.
Mesmo ali haviam noites, quando uma tempestade diária surgia e cobria a luz da grade Lua. Em uma dessas noites uma matilha de criaturas velozes que pareciam cães crescidos cheios de chifres e carapaças, os cercaram quando algo estranho aconteceu. Czar olhava no fundo dos olhos do que parecia ser o líder da matilha e este sucumbiu a sua vontade. Imitando seu líder os outros guerreiros fizeram o mesmo, e ao final toda a matilha estava submissa aos vinte e três guerreiros.
Czar passou a acreditar que o lugar estava dando poder a eles, aos sobreviventes. Como se os tivesse selecionado, garantido que os mais fortes sobrevivessem para serem amaldiçoados com sua magia escura que os tornava mais fortes a cada dia. Porém algo diferente atingia Czar, sua pele escurecia a cada dia, descascava, e seus olhos enegreciam e ficavam cada vez mais com os olhos de um corvo, isso o perturbava, pois não entendia o que estava acontecendo.
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